12.7.08

Entrevista - Alan de Matos Jorge. II Parte



SEIL - Conte-nos um pouco da sua história em nossa Casa.

Alan: Bom, contada a história de meus pais, tenho agora a condição necessária para contar a minha história em nossa Casa.
Como já dito acima, comecei a freqüentar a Casa da Irmã Lavínia ainda dentro da barriga de minha mãe, tendo em vista os inúmeros problemas de saúde de meu pai. Após a resolução do problema da perna esquerda de meu pai (como narrado acima), minha família começou a freqüentar e a se dedicar aos trabalhos da Casa.
Meus pais me contaram que quando eu tinha 6 anos de idade passei também a freqüentar as missas da Igreja Católica de nosso Bairro (São Geraldo). Em pouco tempo eu já estava ajudando o padre nas missas e me engajando cada vez mais nos trabalhos da Igreja. Meus pais ficaram extremamente preocupados com tal situação, pois eu já dizia até que queria ser Padre! Quando eu tinha 7 anos, meus pais conversaram com o Sr. Sebastião expondo tal situação. O Sr. Sebastião então pediu que eles me levassem ao Centro em um Domingo para que ele pudesse conversar comigo. Ao chegar ao Centro no Domingo, o Sr. Sebastião me sentou em sua perna e conversou detidamente comigo, perguntando se eu queria ajudar nas atividades da Casa e nos trabalhos que eram desenvolvidos aos Domingos. Meus pais disseram que eu concordei com tudo o que o Sr. Sebastião disse e que a partir daquele Domingo eu passei a ir assiduamente às reuniões públicas e sempre ia com meu pai ao Centro nos Domingos, não retornando mais à Igreja Católica.
Comecei freqüentando a aula de moral cristã que naquela época era ministrada aos Domingos. Fiquei longo período aprendendo as lições básicas do Mestre Jesus, lições estas que foram inicialmente ministradas pela irmã Geralda Fernandes e posteriormente pela irmã Luiza.
Passado mais um tempo, eu comecei a trabalhar junto aos “homens” no serviço da construção/ampliação da nossa casa, ajudando a encher e carregar latas de concreto; “virar” (misturar) massas de concreto; carregar tijolos, brita, areia etc, estando sempre ao lado de meu pai e do Sr. Sebastião, pessoa a quem eu passei a considerar, ter e a chamar de “avô”. Na época de tais serviços eu ainda era um pequeno e franzino menino, de forma que a Dona Geralda me chamava de “mascote” do Centro Irmã Lavínia.

(Obra SEIl 2008)

O tempo foi passando e eu fui me engajando cada vez mais nas atividades de nossa Casa. Quando adolescente passei a ficar na “gurita” (aquele lugar do salão de reuniões públicas onde se deixa os pedidos de irradiação, se pega papel, caneta etc – hoje eu não consigo sequer entrar lá pois fiquei muito “grande”) e auxiliava no que podia nas reuniões públicas.

Com 14 anos de idade comecei a estudar à noite, o que me impossibilitou de continuar indo a todas as reuniões públicas. Desta forma, procurei ajudar em outras atividades que eram realizadas aos sábados e Domingos. Comecei a freqüentar o grupo de jovens e continuava indo aos Domingos para ajudar nos trabalhos de construção/manutenção da Casa.
Ia com minha mãe ajudar na realização e distribuição de uma sopa que era feita aos sábados. Posteriormente, o Sr. Sebastião fez a implementação do trabalho de distribuição de pães e de café com leite aos irmãos menos favorecidos (a conhecida “Ronda da Caridade”). Compareci com minha mãe na realização do “primeiro café”, ajudando por vários meses e em todos os períodos de férias que eu tinha. Nesta época, lembro-me que a minha maior vontade era sair para a Rua com os Homens para ajudar na distribuição. No entanto, O Sr. Sebastião não deixava eu ir na Kombi para a distribuição, com toda a razão pois eu ainda era apenas um adolescente. Tal autorização só veio por volta dos meus 17 anos, quando então eu pude sair e fazer parte da distribuição junto aos irmãos de boa vontade, entre eles o Sr. VALDEVINO DOS SANTOS.

Ser humano extraordinário com quem aprendi lições práticas de humildade, fraternidade, caridade e fé inabalável. Após os 18 anos, comparecia nas reuniões públicas e ajudava na campanha da Ronda da Caridade apenas nos períodos de férias, uma vez que passei a estudar somente a noite para trabalhar ao longo do dia.

Ajudava naquilo que eu podia, comecei a freqüentar as reuniões de sábado que eram dirigidas pelo irmão João Barboza, indivíduo notável com quem aprendi preciosas lições de vida material e espiritual.

Comecei, no sábado, um processo de aprendizagem e a tomar a coragem de tentar ler e explicar as obras básicas. O coração disparava e gaguejava muito, mas ao longo dos tempos a situação foi melhorando um pouco. Comecei a trabalhar nos setores administrativos de nossa Casa, sendo inicialmente 2º Secretário e posteriormente 1º Secretário ao longo de vários anos. Atualmente sou o 1º Vice-Presidente e um dos advogados de contribuem em nossa Casa.

Entrevista Alan de Matos Jorge fim da II Parte